Felipe sempre foi um grande… ou melhor, um pequeno apreciador de música. Desde seus cinco anos de idade, começou a estudar o violino, instrumento que o agradava enormemente. Ele era muito talentoso e tinha um bom ouvido, a ponto de aos oito anos já haver escrito suas primeiras músicas.

Estando um dia junto de sua família a assistir a Santa Missa, o que gostava enormemente, não propriamente da missa, mas de ouvir os cânticos e o órgão de tubos. Estava ele encantado com toda aquela polifonia sacra que saboreava nota por nota.

Chegando a hora do sermão, momento que não apreciava muito, estava com sua mente a vagar pelo mundo musical quando de repente, uma frase do sacerdote lhe chama a atenção:

– Hoje é dia de Santa Cecília, a padroeira dos músicos, uma virgem que fez de sua vida um contínuo “Cântico Novo” entoado ao Senhor. Hoje ela tem essa graça de ouvir uma celestial música que nenhum ouvido jamais ouviu e coração nenhum jamais sentiu!

– Nossa! – Exclamou Felipe – Uma música que ninguém jamais ouviu! Um Cântico Novo! Como deve ser belo! Ah! Como eu gostaria de ouvi-lo!

Era chegado o momento auge da Santa Missa; a Consagração. Felipe estava a imaginar como seria esse cântico celestial, como era o coral que o entoava, os instrumentos, a harmonia enfim, tudo que poderia compor essa divina música quando de repente, sua imaginação foi interrompida pelo toque de sineta da consagração.

Ele olhava a hóstia sendo elevada de forma lenta e solene, quando subitamente, começa a ouvir uma música simplesmente extraordinária como nunca poderia imaginar, com vozes e instrumentos que não conseguia identificar. Ele estava tão extasiado que nem sequer conseguia tirar os olhos do altar. Aquilo ressoou em seus ouvidos até o momento da Comunhão.

Felipe estava fora de si. Terminada à missa, Felipe saiu correndo até o coro para conversar com o regente:

– Muito obrigado senhor! Muito obrigado mesmo!

– Mas… pelo que meu jovem? – Perguntou o regente

– A música que entoaram no momento da Consagração! Era lindíssima! Simplesmente Sublime! Por favor! me dê autorização para copiar a letra e a partitura! Por favor senhor! Prometo que não vou estraga-la! Eu juro!

– Meu jovem… na Consagração não foi tocada nenhuma música, somente a sineta. Não está se confundindo?

– Não senhor regente! Era uma música celeste! e foi durante a Consagração! Tenho certeza! Uma música que eu nunca tinha ouvido…

Felipe então se deu conta que a música que havia ouvido era esse cântico novo e celeste que tanto desejava ouvir. Nosso Senhor teve compaixão dele e quis dar a esse menino um pouco do sabor do Céu.

Desde então, Felipe passou a levar uma vida de grande virtude e devoção, sobretudo à Santa Missa, para que pudesse um dia estar junto de Santa Cecília a ouvir eternamente esse Cântico Celestial.

Texto: Andrey Santos

Fotos: Arquivo Arautos do Evangelho