O Rosário e as Correntes que portam os Arautos

Ao longo de vários artigos já publicados, tivemos o prazer de expor aos nossos caros leitores, os aspectos e simbolismos que compõem a vestimenta religiosa dos Arautos do Evangelho. Hoje vamos nos deter em um ponto que é causa de muita curiosidade de diversas pessoas; as correntes que os Arautos utilizam para cingir suas cinturas.

Desde os primórdios da humanidade, as correntes tem sido utilizadas em cárceres para conter ferozes prisioneiros e maus elementos. Os escravos também eram acorrentados por seus senhores para que fosse evitada a fuga desses. Por essa razão, com o passar do tempo, as correntes ficaram com o estigma da escravidão, ela passou a ser um símbolo dos escravos.

Mas que sentido há entre a escravidão e a indumentária dos Arautos do Evangelho?

Cerimônia de Consagração a Nossa Senhora

Faz parte da Espiritualidade e do Carisma dos Arautos a devoção a Nossa Senhora, e todos sem exceção, realizam solenemente a Consagração a Nosso Senhor, pelas mãos de Maria Santíssima.

A partir do método ensinado por São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu “Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem”, que aliás, o próprio Papa, agora Beato João Paulo II realizou, os Arautos do Evangelho se consagram como “escravos de amor” a Nossa Senhora.

E o que vem a ser um “escravo de amor?”

É aquele que se entrega nas mãos de seu senhor por livre e espontânea vontade, não pelo temor ou por uma imposição, mas por um ato de amor.

Que bens possui um escravo? nenhum, tudo que tem em suas mãos pertence ao seu senhor, dessa maneira, os Arautos entregam nas mãos de Nossa Senhora  todos os seus bens e valores, corpo e alma, e até mesmo os méritos de suas obras boas, passadas, presentes e futuras, para que Maria Santíssima possa dispor deles como bem quiser e para quem Ela desejar. Todos os seus bens passam a ser de Nossa Senhora.

Alguém poderá dizer: “Mas que vantagem há nisso? Não possuir mais nada, nem mesmo boas obras?”

A essa pergunta, respondemos com uma outra muito simples; Nossa Senhora, sendo insondavelmente Santa, não vai cuidar do que é d’Ela? Ela não tomará como um tesouro um bem que pertence a Ela?

São Luís, em seu tratado apresenta um exemplo muito belo, eloquente e acessível aos nossos olhos; imaginemos a figura de um camponês, pessoa justa e honesta, que deseja presentear seu rei, mas em suas humildes condições, não possui senão uma maçã para ofertar. Ele vê a singeleza de seu presente, quer agradar a seu rei mas não ousa nem sequer se aproximar dele, o que ele faz? Toma essa maçã, e a entrega a rainha, que possui fama de muita bondade, para que ela a ofereça ao rei. A rainha se comove ao ver esse ato de entrega do camponês, então, ela toma a maçã e a coloca sobre uma bandeja de ouro ornada com joias e diamantes. Com a bandeja em suas mãos, ela se apresenta ao rei e diz: “Meu Rei, quem ofertou essa maçã foi o camponês tal, é tão pouco e vós tendes tanto mais, nesse momento quero vos oferecer isso.”Por ter sido ofertada pela rainha, o rei toma a maçã com muito contentamento como se ela tivesse vindo do Paraíso.

Esse camponês somos nós, débeis e pobres, que entregam os seus bens a sua Rainha, Maria Santíssima, Ela apresenta essa “maçã” sobre uma bandeja de ouro, que são seus próprios méritos, a Deus todo poderoso que a recebe muito comprazido por ela ter sido ofertada por sua Dulcíssima Esposa.

Essas correntes, belas, cromadas e polidas, são símbolo dessa escravidão de amor a Nossa Senhora. E assim como a cruz, era um sinal de horror e desonra, passou a ser um símbolo de glória depois da crucifixão e ressureição de Nosso Senhor, as correntes, símbolo da dor, do infortúnio e do sofrimento, passam a ser a representação de um elo sólido e sublime que une Nossa Senhora a seus filhos que a Ela se consagram.

Ao lado esquerdo da cintura pendem elos da corrente que também possuem um simbolismo, esses podem ser 3, em homenagem de Nossa Senhora Filha diletíssima do Pai Eterno, Mãe de Deus Filho e Esposa do Divino Espirito Santo; 5 em louvor aos cinco gozos de Nossa Senhora; ou 7, em honra as sete dores de Nossa Senhora.

Maria Santíssima tem um amor especialíssimo a seus filhos que se consagram livremente a Ela, um amor muito maior do que o que tem em relação a seus outros filhos que não o fizeram. Por isso, convidamos nosso estimado leitor, se já não o tiver feito, a realizar sua Consagração a Nossa Senhora, a ser um objeto diletíssimo de amor de nossa Mãe e Rainha. Pergunte aos Arautos e eles terão a imensa alegria de dizer como faze-lo.

Texto: Andrey Santos

Fotos: Arquivo Arautos do Evangelho