“Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é Perfeito” (Mt 5, 48), essa frase proferida pelos divinos lábios de Nosso Senhor Jesus Cristo, que bem poderia ser gravada em letras de ouro e ornada com pedras preciosas, é sem sombra de dúvida, a síntese do carisma transmitido por Deus aos Arautos do Evangelho.
Nas sedes dos Arautos, todos primam pela máxima perfeição em tudo, revestindo de Pulcritude, ou seja, de beleza, todos os atos da vida cotidiana, desde um cortejo ou celebração litúrgica, como a Santa Missa, até o convívio durante uma refeição.
Por exemplo; É costume em nossas residências, antes e após as refeições, o cântico das Sacras.
À maneira do cântico do Oficio, tradição multissecular da Igreja Católica em todos os monastérios e abadias, as sacras são cartões que contém trechos das sagradas escrituras, formulando uma oração para as refeições.
No cântico das sacras, se reconhece nossa pobreza, fragilidade e total dependência de Deus, pede-se a Nosso Senhor que abençoe os alimentos recebidos por dádiva da sua inefável generosidade.
Ao soar das badaladas do sino, os arautos assumem suas devidas posições no refeitório, aguardando a ordem e o movimento do superior da casa, para assim, de maneira sincronizada e cerimoniosa, tomarem as sacras para se iniciar o cântico.
O Sacerdote ou o Diácono entoa o cântico, todos respondem a uma só voz a oração que sobe ao Céu como a fumaça perfumada do incenso. Concluída a prece, o superior da a ordem para todos juntos se sentarem.
“Não sabeis vós que sois um espetáculo para os homens na terra e para Anjos do Céu?” (cf. 1Cor 4, 9), tendo consciência disso, todos, como indica o costume, se assentam com postura esguia e regrada, não se deixando tomar pelo excessivo apetite e aguardando com paciência e disciplina o serviço da mesa.
Durante a refeição, é ouvida uma homilia de nosso fundador, Monsenhor João S. Clá Dias, sobre o Santo Evangelho do dia. Todos escutam atentamente e com muita admiração, pois sabem o quão mais importante é o alimento espiritual do que o material.
Depois de todos concluírem, novamente é realizado o cântico das sacras, para assim, uma vez bem iniciada a obra começada, termine com total sacralidade a refeição.
Nesse ato, fica demonstrado o domínio do Espírito sobre a matéria, da inteligência sobre a carne. Ao se Revestir de cerimônia um ato tão simples como a alimentação, domamos os nossos sentidos e tomamos as rédeas de nossos instintos. Uma refeição se transforma em um louvor que é prestado ao Pai Celeste, e é também, um meio eficaz de domínio sobre si mesmo e uma excelente maneira de progredir espiritualmente.
Texto: Andrey Santos
Fotos: Arquivo Arautos do Evangelho
Uma refeição como a fazem os Arautos do Evangelho, com elevação de espírito, aliando o serviço de mesa (alimento do corpo) com música sacra e audição de uma homilia de Monsenhor João Clá (alimento da alma) é verdadeiramente uma refeição completa, uma preparação para o grande banquete celeste. Salve Maria! Salve o Monsenhor João Clá! Salve os Arautos do Evangelho!