A Capela Dominus Flevit foi construída no local onde Jesus chorou, durante sua entrada triunfal em Jerusalém.

Narram os Evangelhos que no Domingo de Ramos, durante o cortejo de sua entrada triunfal em Jerusalém, quando passava nas proximidades do Horto das Oliveiras, Jesus se deteve por um momento. Tinha ele diante de si o belo panorama, no qual se destacava o majestoso Templo, cujos portais haviam sido cruzados ao longo dos séculos por tantas gerações de fiéis, e sobretudo Profetas, Reis e grandes personagens bíblicos. Ali, de tantos modos, se manifestara o próprio Deus.

Em meio ao silêncio da multidão, o Divino Mestre deteve-se para considerar aquele cenário, recordando as disposições de seus habitantes ao longo de três anos de pregações. Então, chorou!

Considerava ele o empenho com que convidara o povo de Israel para trilhar a via de uma profunda conversão, e a rejeição com que este chamado fora respondido. Rejeição que iria se consumar com sua condenação e crucifixão.

“Oh, se tu ao menos nesse dia que te é dado, conhecêsseis o que pode te trazer a paz. Mas não, isso te está oculto aos teus olhos. Virão sobre ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados” – exclamou Jesus (Lc, 19, 40)

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas… e tu não quiseste!”  (Mt. 23, 37)

Dois mil anos transcorreram desde que essas lágrimas escorreram na face de Jesus. Ao longo dos anos e dos séculos, a Igreja vem relembrando tal episódio em suas leituras litúrgicas, sobretudo na Semana Santa. Além disso, recorda-o também um singelo monumento, isto é, uma Capela edificada no local onde se deu o pranto.

O pequeno templo, concebido com o formato que evoca uma gota de lágrima, foi edificado em 1950 sobre as ruínas de um pequeno oratório dos primeiros séculos da era Cristã, do qual se conservam alguns traços.

A Capela é designada em latim com o título Dominus Flevit, que significa O Senhor Chorou.

Uma ampla janela permite ao sacerdote Celebrante, bem como os fiéis, contemplarem ao longe a cidade Santa de Jerusalém, na mesma perspectiva que o fez o Divino Mestre há dois mil anos.

A posição de seu altar — junto a uma ampla e artística janela semicircular — permite que o Celebrante, como também o público, tenham diante de si o mesmo cenário de Jerusalém, contemplado outrora pelo próprio Cristo.

O altar de mármore ostenta um belo mosaico com a artística figura de uma galinha protegendo seus pintainhos debaixo das asas abertas. Essa ave, tão comum nos cardápios domésticos dos povos, foi elevada por Nosso Senhor em suas pregações, que comparou-a à proteção dos pais a seus filhos. Por isso, na decoração de um altar simboliza o próprio Salvador, em seu amor pela humanidade.

Numa de suas homilias sobre o Domingo de Ramos, comenta Monsenhor João Clá, que “a realeza de Jesus Cristo proclamada em sua solene entrada em Jerusalém, tornar-se-ia pretexto de sua condenação. Por que? Pelo ódio dos que não querem aceitar o convite para uma mudança de vida. Jesus vinha pregando uma nova perspectiva do Reino de Deus, bem diferente daquela que eles tanto desejavam, e por isso foi rejeitado. Vemos que se a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém precedia as humilhações de sua Paixão, esta, por sua vez, prenunciava a verdadeira glorificação de Jesus, conforme suas próprias palavras aos discípulos de Emaús, depois da Ressurreição: “Porventura não era necessário que Cristo sofresse para que assim entrasse na glória? (Lc 24, 26)

No altar da Capela um mosaico evoca o desejo do Divino Mestre de acolher sob sua proteção o povo de Israel, como a galinha acolhe protege os seus pintainhos.

Pe. Colombo Nunes Pires, EP.