Um jovem soldado conta um interessante sucedido na tropa em que servia.
“Estavamos alinhados no batalhão para os exercícios do dia. O sargento instrutor era conhecido por todos pelo seu ateísmo e  por escarnecer de tudo o que era religioso. E naquele dia tinha nas mãos um trunfo especial, pensava ele. Balançava um terço entre os dedos e perguntou irônicamente aos tímidos soldados, com um malicioso sorriso nos lábios:
— Quem é que perdeu esta coisa ?  Quem se apresenta ?
O batalhão, católico na maior parte, de repente tornou-se um bando de covardes, pois todos riram para estar bem com o debochador, mesmo aqueles a quem a própria mãe dera um terço para levar consigo na tropa.
Só um cadete a meu lado rangia os dentes, ofendido.

O sargento continuava a escarnecer, convencido de que ninguém teria coragem de se apresentar para levar o terço. Porém, o cadete meu vizinho adiantou-se, fez continência e disse com voz clara e forte: “Esse terço é meu!!!”

Todos do batalhão silenciaram e não riram mais. O terço lhe foi entregue sem mais cerimônia pelo instrutor, que também parou com o deboche.

Após a instrução, no intervalo, dirigi-me curioso ao moço, dizendo-lhe:

— Amigo, gostei de saber que há outro soldado neste batalhão que reza o terço, como eu. Mas queria saber por que você deixou passar um tempo e não teve logo a coragem de se apresentar como o dono do terço, e depois respondeu com tanta convicção?

— Porque o terço não era meu! Eu avancei porque queria acabar de vez com o deboche dele!  Não aguentava mais! Fui inspirado pelo meu Anjo da Guarda!

Este fato espalhou-se pelo quartel. E mais tarde veio a descobrir-se quem era o verdadeiro dono do terço. Desde então tornou-se impossível para ele permanecer no batalhão. Porém, o destemido cadete passou a ser respeitado  por todos como “o jovem de fé”.

 Jornal ” Cavaleiro da Imaculada “-  nº 842 –  Maio de 2004